terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Capitulo 6 - Coração de um Peão

Oii gente!! Desculpem a demora da postagem aqui do blog! ainda to aprendendo a macher com isso. Bom, por inquanto ainda vai ficar meio bagunçada as postagens, mas prometo (to parecendo politico em epoca de campanha) organizar tudo de novo!
Ahhh! gente olha que linda a capa novinha a fic ganhou! Ela foi feita pela Ana Paula Souza! obrigada flor!



Pov Bella




Naquela noite olhos verdes penetrantes invadiram meus sonhos, sempre com mãos fortes prendendo possessivamente ao redor da minha cintura e sua voz rouca e suave sussurrando palavras doces em meu ouvido. Sentia meu corpo queimando a cada toque de suas mãos calejadas, porém, macias contra minha pele.

Acordei de súbitosentindo um calor intenso dentro de mim, os lençóis sob mim estavam molhados. Eu tentava organizar as imagens do sonho, pouco claro em minha mente, tentando encontrar algum sentido naquilo; desisti frustrada por não ter conseguido nada.

O dia anterior tinha sido decididamente, um dos melhores – se não o melhor – da minha vida. Sentimentos que eu imaginava existirapenas em livros de romance, havia sentido em mim. Era tudo absurdamente novo, confuso e ao mesmo tempo, delicioso.

Eu queria provar aquilo novamente, ou até mais se fosse possível. Mas, relembrar que já estava a mais de uma semana sem o ver, meus olhos arderam com a intensa vontade de chorar.

Aqueles poucos instantes com ele foram tão bons que, às vezes, tinha duvidas se foram reais. Eu precisava vê-lo de novo, senti-lo mais uma vez contra minha pele, para poder ter a certeza de que não foi um sonho; um sonho maravilhoso.

Eu acabava me perguntando isso todos os dias, desde que ele foi embora: será aquele pequeno momento não passou apenas de um produto da minha mente extremamente louca? Se fosse apenas isso, morreria.

Mas sempre que me perguntava sobre esse acontecimento, meus olhos caiam sobre o velho baú que ficava aos pés da minha cama. Eu me aproximava dele e o abria, no fundo, sob as minhas bagunças, estava guardado com todo o cuidado o casaco de couro curtido; aquela peça de roupa ainda emanava o cheiro dele, eisso não poderia ser fruto da minha imaginação. “Não”, eu respondia a mim mesma, me fazendo sentir uma idiota, mas eu continuava repetindo: “aquele momento foi real”.O que mais me entristecia era saber que não pudera me despedir dele.

Não havia dormido bem a noite – flashes dos momentos intenso que tivera com ele apareciam a todo instante, não me deixando relaxar como queria – então as cinco da manhã já estava de pé, o que foi bom, pois teria a chance de vê-lo antes de partir.

Aproximei-me da janela, mas não pude ver muita coisa; o céu ainda estava muito escuro. A única coisa visível era uma leve mancha alaranjada no horizonte, indicando que logo o sol nasceria. O que conseguia distinguirera o movimento de pessoas ao redor do galpão, sorri comigo mesma, eles ainda não haviam partido,e uma ideia surgiu.

Corri para o banheiro a fim de tomar um banho e tirar todo o suor da noite anterior, foi o banho mais rápido da minha vida. Peguei a primeira a primeira peça de roupa que vi a vestindo rapidamente,depois apanhei um vestido azul que ainda estava embolado e molhado no canto do banheiro, pois eu iria levá-lo para secar, sorri internamente,seria a desculpa perfeita, caso alguém me visse saindo.

Olhei mais uma vez pela janela, o céu estavaclareando pouco a poucos, suspirei e segui para a porta.Para minha surpresa, assim que a abro dou de cara com minha prima Rosalie, estava com a mão erguida como se fosse bater na porta.

Uma ruga se formou entre suas sobrancelhas:

- O que você está fazendo acordada a essa hora da manhã? - apenas mordi os lábios, tentando pensar numa resposta. Minhas bochechas coraram.- Responda Isabella Swan. – ela tentou fazer sua voz parecer severa, mas por nos conhecermos desde pequenas, isso não saiu nada severo para mim.

- Shiii Rose! – se ela falasse um pouco mais alto acordaria todo mundo – Depois eu explico, agora não tenho tempo – já ia saindo quando ela me segurou pelo braço.Olhei-a aflita, caso demorasse muito não daria tempo de ver Edward.

- Aonde vai? – ela indagou.

- Lá fora – mordi os lábios de novo.

- Não mesmo. Só depois de me explicar o que está acontecendo.

Ah... Eu não tenho juízo mesmo. Então peguei na mão dela e comecei a arrastá-la comigo.

- Então você vem comigo e mais tarde eu te conto o que está acontecendo.

- Bella, por favor, me fala alguma coisa agora! – ela falava enquanto se deixava ser arrastada por mim, sua curiosidade era praticamente palpável.

- Agora não. Preciso sair daqui sem que ninguém me veja.

Ela estancou no lugar.

- Você é louca mulher? – “acho que sim, por quê?” Respondi mentalmente – Se estiver fazendo alguma coisa errada, vai ser pega.

- Em primeiro lugar, não estou fazendo nada de errado – tecnicamente sim, mas ela não precisava saber dos detalhes – E segundo, só vou ser pega se você falar alguma coisa. Você não faria isso comigo, faria?

Ela me olhou com os olhos apertados por um segundo e depois assentiu negativamente com a cabeça.

- Ótimo, vamos. – comecei a puxá-la de novo.

- Ah, não! Você não vai me colocar no meio dessa maluquice de jeito nenhum.

- Que seja – eu já estava ficando com raiva – Estou indo.

Mal dei três passos e já a ouvi me seguindo e murmurando coisas desconexas como: o que a gente não faz por uma amiga. Revirei os olhos.

Desci as escadas com Rose no meu encalço. Estávamos com sorte; estava tudo silencioso, com exceção dos nossos passos.

Quando entramos calmamente na sala, trocamos um sorriso. Estávamos quase lá fora. Porem nosso sorriso murchou ao ver Sue com um pano na mão, esfregando a mesinha de centro. Olhei em volta e o resto do cômodo já estava num brilho intenso. Meu Deus, que horas que essa mulher acordava para fazer isso?

Rose e eu tentamos passar atrás de Sue o mais silenciosamente possível, porém o chão recentemente encerado, somado a minha excelente coordenação motora deu nisso: escorreguei assim que dei o primeiro passo – eu não devia ter calçado uma rasteirinha –. Rose rapidamente segurou no meu braço, evitando a queda.

Enquanto eu tentava recuperar o equilíbrio, mordendo os meus lábios para não soltar nenhum resmungo, consegui ficar de pé. Olhei aflita de Rosalie para Sue, mas ela ainda estava concentrada em esfregar a mesinha.

Soltei um suspiro de alivio, entretanto fora cedo demais. Já estávamos quase alcançando a porta quando meu pé esquerdo tropeçou na mesinha de porta-retratos levando tudo ao chão, inclusive eu.

- Mas o que... – Sue se virou assustada – Menina Bella!

- Oi S-sue... – senti minhas bochechas esquentarem e Rose murmurou algo como: eu avisei...

- Eu... eu... jaestavandolevarminharoupaparasecar – falei tão rápido que nem eu mesma entendi o que disse. Rose começou a choramingar ao meu lado.

- Como? – Sue perguntou. Um ruga se formou entre suas sobrancelhas.

- Er... Rose e eu estávamos indo levar uma roupa minha para secar.

- Que roupa?

- Essa. – mostrei o vestido em minhas mãos.

- E por que você a lavou? – droga, por que ela tinha que perguntar tanto?

- Deixei cair um doce em cima e sujou. – por que eu tinha que mentir tão mal? Estava torcendo para meu rosto não me denunciar nada.

- Mas por que tão cedo?

- Acordei muito disposta. – mordi os lábios.

- Sei... E onde a senhorita estava ontem à noite que eu não te vi no jantar?

- Fui dormir cedo.

- Hum... Tudo bem. Dê-me a roupa que eu mesma a levo para secar.

- NÃO! – Rose e eu gritamos juntas.

- Por que...? – eu precisava pensar em algo rápido, mas nada me vinha à cabeça...

- Bom dia – uma voz feminina soou atrás de mim. Quando me virei, era minha mãe que vinha em nossa direção com um pequeno sorriso. Mas sua expressão logo se fechou a me ver. O que será que ela viu no meu rosto? – O que esta havendo aqui?

- Bom dia mamãe. Eu... já estava indo levar esse vestido para pendurar lá fora – tentei manter minha face livre de qualquer expressão que me entregasse, mas, não souber dizer se estava obtendo sucesso.

- Tão cedo? – ela ergueu uma sobrancelha recém-feita. Mas que coisa! Será que é tão difícil aceitar que levantei cedo e bem disposta? Pelo jeito sim.

- Sim mãe... fui dormir cedo e acordei muito bem disposta. – já estava me irritando. Logo já não daria mais tempo.

- Ah tudo bem, então. – meu coração falhou uma batida pensando que ela tinha acreditado. Eu não podia acreditar nisso. – Mas – lógico... tinha que ter um mas – Vamos tomar café primeiro. Sue o café já está pronto?

- Já sim, Sr.ª Swan. Vou colocar à mesa num instante. – Sue saiu em direção a cozinha.

- Vamos Bella. Depois você leva o vestido para secar.

- Mas... mas... a Sue ainda vai demorar para arrumar tudo. – tentei argumentar.

- Que nada. Ela sempre foi rápida – mamãe disse num tom alegre.

Olhei para Rose, que apenas deu de ombros. Eu estava perdida.

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Mesmo que quase não tenha mastigado a comida para terminar rápido, minha mãe insistiu para que eu comesse muito, pois não havia jantado. Com isso, perdi mais de uma hora.

Quando finalmente havia conseguido me livrar de todos, alegando já estar satisfeita, sai correndo para fora na esperança de que já não fosse tarde de mais. Já estava descia as escadas da frente, sem nem olhar direito para onde ia, quase cai –mais uma vez naquele dia – em cima de alguém. Quando olhei para cima, era Jasper, irmão de Rosalie.

- Hey Bella! Olhe por onde anda – disse meio brincalhão enquanto me endireitava. Claro que todos ali já estavam acostumados com meu incrível equilíbrio.

- Desculpe Jazz... estava com pressa – murmurei enquanto tentava olhar sobre o seu ombro em direção ao galpão.

- Aonde você já ia assim?

- Er... eu já ia ao galpão ver se eles precisavam de alguma coisa antes de partir – disse parte da verdade.

- Ah, não será preciso. – olhei para ele, não entendendo nada – Eles já foram – explicou.

Depois disso a única coisa que me lembro é de sentir o chão sumir sob mim.

Agora a única coisa que tenho feito ultimamente é ficar olhando da minha janela, me perguntando: “Quando ele irá voltar para mim?”




Continua....


quinta-feira, 28 de julho de 2011

Lendas e Mistérios


Lendas e Mistério 


 Short-Fic






Diz a Lenda que muitos e muitos anos atras,
Um casal que se amava contra a vontade dos pais,
Se encontravam escondidos na escuridão
Eram guiados pela força da sua paixão,
Era o amor vencendo o medo,
Eles guardavam o segredo
A sete chaves em seu coração.


         A escuridão da noite fria se abria sobre a garota que corria cortando a relva baixa e puxando o capuz de sua capa negra que lhe cobria a face de anjo.

         Seu coração estava apertado. Somente quando olhasse nos olhos dele que esse aperto se aliviaria.

         Já fazia dois meses que eles se encontravam as escondidas. Desde que seus pais tomaram conhecimento sobre os dois, proibiram completamente de se verem. Eram terminantemente contra o que eles sentiam; “paixão adolescente” – eles diziam – “era questão de tempo para isso acabar”

         Isabella corria contra o tempo. Atrasara hoje e tinha medo que seu amado pensasse que não apareceria mais. O vento frio açoitava seu rosto e ela cobria como podia. Já estava perto e respirar estava difícil pela corrida. “Só mais alguns metros” ela pensava. Seu coração batia acelerado, porem, ela não sabia se era por ter corrido ou a expectativa de ver seu amor de novo.

         Quando pulou a ultima franja de samambaias úmidas pode vê-lo. Lá estava ele, era apenas uma sombra sentado de pernas cruzadas, de costas para ela, sob a noite negra com alguns pontos de luz que era a única coisa que o iluminava, tornando, de certa forma, o lugar sombrio.

         Ela se aproximou lentamente dele, sem fazer nenhum barulho. Colocou suas delicadas mãos brancas sobre os olhos dourados de seu amado e abaixou o rosto na altura de seu ouvido e ali depositou um beijo enquanto respirava o perfume único que exalava de sua pele.

         O rapaz ao sentir as mãos de Isabella sobre seus olhos, e um delicado beijo no seu pescoço alvo, sentiu sua pele se arrepiar. Ergueu os braços para traz e a puxou para o seu colo. Levou as mãos ao seu rosto, e, delicadamente, abaixou o capuz que lhe cobria a face, revelando aqueles enormes olhos de chocolate que brilhavam sob a luz das estrelas.

         Isabella finalmente sentiu o alivio que tanto ansiava em seu coração ao finalmente encarar aquelas orbes douradas que amava com todo o seu ser.

         - Te amo – ela sussurrou baixinho e aproximou seus lábios dos deles, dando lhe um beijo casto.

         - Você é a minha vida – ele respondeu e acrescentou – e eu te amo. Muito.

         Não aprofundaram o beijo – ainda não se sentiam prontos para isso, embora o desejo gritasse dentro deles –, se afastaram minimamente e começaram a trocar caricias. Nada precisava ser dito. O silencio de seus gestos já falava o suficiente por eles.

         O amor lhes rodeava era praticamente palpável. Mesmo jovens demais, já sabiam o significado daquele sentimento e apenas se deixavam se levar por ele.

         - Você demorou hoje. – Edward disse, após algum tempo em silencio, enquanto enrolava seus dedos em uma mecha de cabelos de Isabella.

         - Foi minha mãe – Isabella murmurou e se virou, empurrando-o para deitá-lo sobre a grama fria da clareira, para logo em seguida, encostar-se sobre o peito de Edward, encarando seus olhos dourados que pareciam com ouro derretido. – hoje veio com uma conversa de que meu pai havia arranjado um noivo para mim. –soltou um suspiro pesado.

         Uma fúria inexplicável se apossou do corpo de Edward. Um sentimento como ele imaginou ser o ciúme, apesar de infundado. Sabia que sua Bella o amava.

         - Quem? – perguntou, enquanto tentava se acalmar. Não queria que sua Bella percebesse um sentimento ruim como o ciúme que emanava dele naquele momento.

         - Eu não sei. – ela disse baixinho, de repente sua voz estava embargada e ela sentia como se houvesse um caroço na sua garganta – eu pensei que ela estivesse apenas blefando, para saber minha reação. Não me dei ao trabalho de perguntar.

         Edward apenas apertou os braços ao redor de Isabella de forma possessiva. Ele sentiu, de repente, sua camisa úmida. Percebeu que ela chorava silenciosamente com o rosto enterrado em seu peito.

         - Shhh meu amor. Eu to aqui. – ele beijou o topo de sua cabeça quando ela deixou escapar um soluço. – E nunca vou te deixar – ele esfregou o braço de Isabella, tentando passar algum conforto.

         - Eu to com medo Edward – disse ela em meio a outro soluço – e se meus pais me obrigarem a me casar com alguém? Alguém que não seja você? – ela ergueu o rosto na altura dos dele e lagrimas grossas escaparam de seus olhos de chocolate.

         A fúria logo foi substituída por tristeza. Ele não agüentava ver tanta dor nos olhos de sua amada. A dor dela, era sua própria dor. Ele passou os dedos pelas bochechas de Isabella numa tentativa vã de secar as lagrimas.

         - Eu não vou permitir – Edward disse com determinação – eu prometo, por todo o amor que eu sinto por você, que nada, mas nada irá nos separar. – no fim, seus olhos estavam marejados com o simples pensamento de perder a mulher que tanto amava.

         Eles se olharam nos olhos por mais um algum tempo, até que, por fim, Isabella sacudiu a cabeça como se quisesse espantar algum pensamento e depositou um beijo nos lábios de Edward.

         - Eu confio em você. E no nosso amor – completou com um sorriso brincando nos lábios. Ela passou o braço sobre os olhos, secado as ultimas lagrimas que escorriam por seu rosto.

         Alivio logo tomou conta do coração de Edward, pela simples ameaça de um sorriso na face de Isabella. Ele inverteu suas posições, ficando sobre ela e logo começou a distribuir beijos inocentes em seu pescoço, arrancando gargalhada dela.

         - Pa-ra Edwar-d – tentava desviar das mãos dele, que agora trabalhavam em sua barriga, fazendo cócegas deliciosas.

         Ele ergueu o rosto e um sorriso se alargou em sua face ao ver a expressão feliz que Isabella tinha agora. A tristeza de instantes atrás fora totalmente esquecida.

         - É assim que eu quero te ver sempre meu amor– sussurrou Edward – anjos não devem chorar. – beijo-lhe os lábios e se sentou, a puxando consigo.

         - Você é que é o meu anjo. – Ela respondeu

         Isabella virou o rosto e deu um beijo estalado na bochecha de Edward, para logo em seguida selar seus lábios junto aos dele e se acomodou melhor, sentando de costas para ele e descansando a cabeça sobre o ombro de seu amor.

         Nada mais fizeram naquela noite, se não, apreciarem a companhia um do outro, trocando caricias e juras de amor eterno, tendo apenas a imensidão da noite e as estrelas como testemunhas. Mal imaginavam que a eternidade era bem mais distante do que pensavam.



*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*
Continua... 

Eternamente Juntos

2° TEMPORADA DE ETERNIDADE:


ETERNAMENTE JUNTOS







Cap. 1 SEGUNDA CHANCE





         Eu já não cabia em mim de felicidade. Finalmente eu vivia. Vivia ao lado de quem eu amo.

         Agora nossa vida era diferente. Aqui não precisávamos de nada; ar, comida, água... mas eu precisava dela. Sempre precisaria de Bella para sobreviver, independente de onde estivéssemos.

         O amor meu e de Bella parecia aumentar a cada toque que trocávamos. Era infinito o que sentíamos um pelo outro.

         Apesar de estarmos naquele lugar maravilhoso, eu ainda não tinha obtido cem por cento do perdão pela minha antiga vida. Eu matei pessoas – mesmo que nunca um inocente – e eu sabia que isso teria o seu preço quando chegasse a hora.

         O nosso tempo aqui já estava acabando. Eu seria mandado de novo a terra para uma segunda chance. Bella, por ser minha alma gêmea, iria comigo para essa missão. Nunca mais iríamos nos separa, ela me dizia.

         Infelizmente, para isso, somente Bella se lembraria de tudo. E quando nos encontrássemos novamente, ela não poderia interferir. Eu só me lembraria quando chegasse a hora.

         O que me animava nisso tudo, era que eu teria novamente aquela sensação de estar vivo novamente. Coisa que eu já não sentia a mais de um século.

         Eu seria humano de novo.

         Essa idéia fez um sorriso involuntário brotar em meus lábios.

         Ser humano era a coisa que eu mais desejava quando conheci Bella. Ser humano me permitiria tocá-la, abraçá-la, beijá-la, sem o mínimo medo de machucá-la com minha força. Era o que eu mais desejava. E eu teria tudo isso, em breve.

         - Edward? – a voz doce que eu amava me chamava. Virei-me e corri em sua direção. Abracei-a inspirando profundamente o cheiro dos seus cabelos. Não era o mesmo, mas ainda sim era tão... Bella.

         - Edward, esta na hora. – Bella disse sua voz abafada pelo meu peito.

         A soltei e segurei seu rosto entre minhas mãos. Olhei em suas profundas orbes de chocolate e me perdi ali por um minuto. Quando voltei a realidade, dei um beijo em sua testa em enlacei sua cintura com minhas mãos, a puxando para mim.

         Eu não consegui dizer nada. Apesar de estar feliz de voltar a ser humano, eu tinha medo. Tinha medo de não conseguir cumprir meu objetivo, tinha medo de desapontar o amor da minha vida e estragar tudo.

         - estou pronto – eu disse, quando chegamos onde eu seria destinado a minha nova família.

         - boa sorte – Bella disse, com os olhos marejados. Beijei as lagrimas grosas que escorrerão. – eu te amo.

         - eu te amo muito – minha voz saiu embargada pelo choro que ameaçava sair de mim.

         - você não vai agora, não é? – eu perguntei, já temendo a resposta.

         - não. – Bella disse num suspiro. – eu só vou daqui alguns meses, para dar diferença na idade. – ela forçou um sorriso.

         Suspirei, tentando controlar os soluços que insistiam em querer sair de mim. Permiti que nossos lábios se tocassem uma ultima vez antes de partir, num beijo intenso, que demonstrava todo o amor que sentíamos um pelo outro.

         Nos nunca mais seriamos vampiro e humana.

         Agora seriamos somente Edward e Bella.







2 – VISÕES E ENCONTROS

POV: ALICE





         Eu ainda não me conformava. Como eu podia ter falhado daquele jeito?

         A alguns meses atrás, quando estávamos em Vancouver, eu tive a visão de Edward se matando.

         Mas já era tarde.

         Assim que tive a visão, voltamos correndo para Forks, mas tudo que encontramos era cinzas. A morte do meu irmão abalou a todos nós, mas foi pior ainda para Esme e Carlisle.

         Para Esme, ela estava novamente perdendo um filho. Mas um Por que, alem do bebê que ela perdeu quando ainda era humana, a perda de Bella – que eu já sabia fazia três anos, porem, nunca contei a Edward, temendo esse tipo de reação dele – também foi horrível para nossa mãe.

         Carlisle já compartilhava a mesma dor de Esme, então eles sofriam muito.

         Jasper agora quase não ficava em casa. Ele me dizia que as emoções ao redor dele eram muito fortes para agüentar. Outro motivo que ele falava era que, ele se sentia culpado pela morte de Bella e de Edward.

         No ver dele, se ele tivesse se controlado aquele dia, Bella poderia até fazer parte da família agora.

         Eu nunca permiti que ele se culpasse, mas não poderia dizer se ele estava certo ou errado. Desde a nossa partida, nunca mais vi Bella como uma de nós.

         Enfim, depois que chegamos a Forks, ficamos mais alguns meses aqui. Eu descobri sobre Sarah, a filha que Bella teve.

         Realmente, as duas eram como xerox. Os olhos, o cabelo...

         Agora estávamos a caminho do Alasca. Carlisle decidiu que passar algum tempo com outros de nossa raça poderia ser bom para nós. Eu não me importava com isso. O que eu queria mesmo era meus irmãos juntos comigo.

         De repente eu já não estava mais aqui. Meu corpo ficou tenso e meus olhos perderam o foco.

         Eu via um bebê, chorando muito, enrolando em uma fina manta, deitado perto de um carvalho antigo. A visão era muito forte e concreta. Aconteceria em poucos minutos.

         - parem o carro! – eu gritei em desespero. Não sabia quem era essa criança, mas sabia que ela era importante para mim.

          Carlisle freou o carro de surpresa e se virou rapidamente para mim. Não dei tempo de ele pronunciar uma única palavra sequer , e sai com tudo do carro.

         Percebi que Emmett e Rosalie que estavam nos seguindo também pararam o carro e os outros corriam atrás de mim. Mas o meu foco agora não era eles, e sim, achar o cenário da minha visão.

         Carvalho... carvalho... não era possível! Tinha que haver algum aqui perto!

         Quando me virei para Carlisle que me olhava preocupado, avistei um carvalho antigo do outro lado da pista. Não perdi tempo e corri naquela direção.

         Enquanto me aproximava, senti cheiro de sangue e imediatamente prendi a respiração.

         Embaixo do carvalho o bebe da minha visão tinha uma aparência cansada, como se tivesse chorado a noite toda.

         Me aproximei da criança, que estava de olhos fechados, e a peguei nos meus braços.

         Seus traços eram familiares e tinha cabelos castanhos e pele de um branco quase translúcido.

         Quando minha pele fria tocou em sua pele frágil, ela abriu os olhinhos – cor do mais intenso chocolate –, ela me analisou por uns instantes, como se tivesse me reconhecendo, e então abriu um lindo sorriso que fez minha mente me mostrar quem ela me lembrava.

         Bella.

         Minhas pernas fraquejaram e outra visão – ainda meio embaçada – me atingiu.

         Era o bebê que estava em meus braços, um pouco maior, brincado em um parquinho com um garotinho de cabelos cor de bronze e olhinhos verdes.

         Não era possível.

         Me virei lentamente para minha família que me esperava ansiosa e preocupada, esperando explicações.

         Puxei o ar lentamente – e desnecessariamente – e me preparei para contar tudo o que vi a eles.

         Só esperava que eles não pensassem que eu havia enlouquecido de vez.







3 – O INICIO DE UMA SEGUNDA CHANCE

POV: BELLA







         Cinco anos já haviam se passado desde que Alice me encontrou na beira da estrada. Hoje era o meu aniversario de cinco anos, que era comemorado na minha data da outra vida, já que conseguiu descobrir quando que eu voltei.

         Eu ainda não gostava do meu aniversario, por causa do meu antigo trauma, mas Alice sendo quem é, daria um jeito me surpreender.

         Durante todos esses anos, eu tenho me recordado aos poucos o que eu vivi. Me lembrava dos Cullen, me lembrava de Jasper me atacando no meu aniversario, me lembrava também da filha que eu tive. Também me lembrava de uma dor estranha que eu sentia no peito, mas não me lembrava do por que que doía tanto. Sempre que eu perguntava a alguém, eles olhavam para Alice e depois me diziam que eu me lembraria quando chegasse a hora.

         Eu também sabia que voltei a terra por algum motivo especial, mas não me lembrava qual. Tentava não me preocupar muito com isso, mas eu sabia isso seria muito importante para minha vida.

         Suspirei quando o sol infiltrou pela minha janela. Isso significa que provavelmente eu seria a única a ir a escola hoje.

         Desde que moro com os Cullen, também tenho a tarefa de ir a aula com eles. Comecei ano passado, apesar de não precisar. Por incrível que pareça, me lembro de tudo que aprendi na escola na minha outra vida, o que tornava tudo entediante.

         Ouvi uma batida na porta e suspirei. Com certeza todos da casa já sabiam que eu tinha acordado. Me sentei e gritei um “entre”.

         - Feliz aniversario Bella!!! – Alice entrou cantando em meu quarto

         - Bom dia para você também, Alice! – disse azeda.

         Ela rolou os olhos.

         - Hoje a pequenina acordou azeda, é? – ela perguntou sarcástica.

         - Alice, nem vem, por favor. Você sabe que eu não vou querer nada. – eu disse, decidida.

         - E quem disse que eu vou te pedir permissão para fazer alguma coisa?

         Eu olhei para ela, perplexa.

         - É meu aniversario. Eu faço o que eu quiser.

         - E o que você quer, inclui não ganhar festas e presentes. – conferiu.

         - Exatamente. – disse firme.

         - Nem um bolinho? – ela perguntou fazendo um sinal mínimo com as mãos.

         - Vocês não comem. – suspirei. Não ia me deixar derrotar tão facilmente.

         - Mas você come. – ela apontou.

         - Não adianta Alice. Não. Quero. Nada. – disse pausadamente cada palavra, como se ela fosse a criança e tivesse dificuldades de entender.

         - Assim não vale Bella! – Alice choramingou.

         Dei de ombros e me levantei da cama, indo em direção ao banheiro.

         - Por favor, Bellinha! – ainda escutei Alice implorando quando fechei a porta do banheiro que ficava no meu quarto.

         Eu realmente amava Alice, mas ela me tirava do serio quando vinha falando sobre comemorar o meu aniversario.

         Tomei um banho bem demorado, deixando a água relaxar cada um dos meus músculos, que uma certa Alice já havia os deixados tensos a essa hora da manhã.

         Suspirei e desliguei a água, já me preparando para topar com ela ainda no meu quarto, querendo tentar a todo custo, me convencer de aceitar uma festa de aniversario.

         Quando sai do banheiro, para a minha surpresa Alice não estava no quarto. O sorriso se formou em meus lábios. talvez ela tivesse desistido, pensei. Mas tratei logo de esquecer esse pensamento. Alice nunca desistia até ter o que quer.

         O pior é que ela sempre conseguia o que queria.



         Desci as escadas, indo em direção a sala, onde estavam Jasper, Emmett e Rosalie.

         - Bom dia. – disse para todos.

         - Parabéns Bella! – rose já chegou me abraçando. Era incrível como ela me tratava bem agora. Eu descobri que, por eu ser –aparentemente – uma criança, que ela gostava mais de mim. Ela sempre quis ter filhos.

         - Obrigada Rose – respondi sem graça.

         - Parabéns Bellita!!! – Emmett me pegou no colo e me jogou para o alto. Soltei um grito de medo e surpresa.

         - Emmett, seu bobo! Obrigada! – disse, um pouco mais animada. Emmett sabia como me deixar de bom humor.

         - Parabéns Bella. – Jasper apenas apertou a minha mão. Apesar de já serem alguns anos de convivência, ainda era difícil para ele ficar perto de sangue humano.

         - Obrigada. – murmurei. – cadê Esme? – perguntei, notando que ela não estava na sala.

         - Esta na cozinha, preparando o seu café-da-manhã. – Rosalie me respondeu.

         Dei um sorriso para ela e fui em direção da cozinha. Quando me aproximava, senti um cheiro forte de omelete e meu estomago roncou. Eu sabia que o aroma da comida para eles era repugnante, mas mesmo assim, Esme era uma ótima cozinheira.

         -Bom dia mãe. – cumprimentei Esme. Por ficar todos esses anos juntos com os Cullens, aprendi a ver Carlisle e Esme como meus verdadeiros pais.

         - Feliz aniversario minha menina! – Esme já estava ao meu lado, me envolvendo em um abraço maternal.

         - Obrigada Esme. O cheiro está muito bom. – sorri.

         -Sente-se Bella, que eu já vou lhe servir.

         - Obrigada.

         Esme colocou na minha frente um prato de omeletes e um copo de leite. Não perdi tempo e já fui atacando a comida. Estava faminta.

         Quando terminei, ajudei Esme com a lousa e fui para as escadas, na intenção de pegar minha mochila escolar.

         Quando estava no meio dos degraus, fui parada por uma fadinha, muito sorridente.

         - O que você quer agora, Alice?

         - Você não vai para a escola hoje. – ela disse, simplesmente.

         - O que? – perguntei, meio sem entender.

         - Bom – começou – Carlisle me convenceu a pegar leve com você. Então, decidi que vou levá-la a um passeio.

         - Que passeio? – eu estava muito desconfiada.

         - Vamos ao parque, nós cinco!!! – ela estava toda saltitante. Isso era tão... Alice.

         - Perai Alice! Está ensolarado lá fora! Como vocês pretendem ir para o parque assim?

         - Isso não vai ser problema! Tenho tudo sob controle. – disse, confiante.

         - É exatamente disso que tenho medo. – murmurei.

         - Por favor, Bella. Tente colaborar. – ela estava nitidamente, perdendo a paciência.

         - Esta bem, esta bem. – levantei as mãos, espalmadas para cima, num gesto de rendição.

         - Ótimo! – ela deu pulinhos – sua roupa esta em cima da cama. – disse, desaparecendo porta a fora.

         Ai que eu reparei que Jasper estava no pé da escada. Que ótimo. Lancei um olhar mortal – o Maximo que minha carinha de cinco anos conseguia fazer – para que ele entendesse que não era para manipular minhas emoções quando Alice estivesse perto. Como se isso ajudasse. Ele faz tudo que ela pede.

         Subi para o meu quarto, já com medo de ver o que ela havia separado para eu vestir. Gemi internamente quando vi as roupas em cima da cama. Roupas típicas de criança.

         Alice me paga.

         Peguei contrariada a blusinha cor-de-rosa com florzinhas multicoloridas e com um lacinho na barra – para variar – e o short branco com o desenho da Hello Kitty no bolso.

         Será que Alice ta me confundindo de novo com uma boneca?

         Tinha uma sandália-rasteirinha com tiras brancas e um strass de enfeite. Pelo menos, no meu tamanho. Alice não pode inventar de me dar salto para calçar – eu continuo com o mesmo problema de coordenação, o que é um divertimento para Emmett.

         Depois que estava vestida, passei a escova no meu cabelo, até ficar todo liso e puis uma presilha para segurar a franja que caia sobre os meus olhos.

         - Vamos Bella! – Alice gritou na porta do meu quarto –Esme quer que a gente volte pelo menos até as três da tarde. – ela já estava batendo os pés impaciente.

         - Meu Deus, Alice! Ainda são oito horas da manhã! – eu estava começando a pensar que essa vampira tem problemas.

         - Por isso mesmo! Vamos – ela foi me puxando pela mão, e eu fui... sem entender nada.









4 – Verdes Novamente







         Eu tinha que admitir.  Alice era boa.

         Quando chegamos ao parque, o sol já estava novamente coberto pelas nuvens, então todos poderiam andar tranquilamente pelas ruas sem parecerem purpurina ambulante.

         Eu tinha que admitir outra coisa também. Apesar de minha mente ser extremamente avançada, eu tinha meus momentos de recaída e o meu lado criança cheia de energia falava mais alto. Assim como agora.

         Quando nós chegamos, e vi todos aqueles brinquedos que pareciam me chamar, eu senti meus olhinhos brilhando e por um minuto esqueci que eu me sentia uma adolescente que esqueceu de crescer, e corri em direção ao brinquedo que estava mais próximo de mim, e é claro, com Emmett no meu encalço. Ele não perdia uma.

         Quando entrei naquele escorregador enorme, mais lembranças da minha vida vieram átona: eu com um shortinho rosa e uma camisetinha branca, sentada na calçada em frente a minha casa, sob o sol escaldante de Phoenix, brincando com o cascalho que tinha ao redor das plantas que Renée tentava inutilmente manter vivas com aquele calor. Ótimo. Já estava me lembrando de quase toda a minha infância.



         Já passava um pouco das onze da manha, quando notei a falta de Emmett e Rosalie. Estranho. Eles estavam aqui ainda há pouco.

         - Onde estão Emm e Rose? – perguntei a Alice que estava ao meu lado. Jasper também estava por perto, mas ainda sim mantinha uma distancia segura para não arriscar minha vida.

         - Rose conseguiu arrastá-lo para algum canto. Até onde eu sei, ela se cansou de vê-lo brincando.

         Soltei uma risada nervosa. Não queria nem imaginar o que estaria acontecendo nesse momento.



         Eu já estava cansada de tanto brincar, então resolvi dar uma volta ao parque para conhecer o lugar. Desde que Alice me encontrou nós estamos morando em Vancouver no Canadá. É uma cidade linda, e raramente tem seus dias de sol. Mas agora estávamos no verão, então é um pouco mais quente, mesmo assim era agradável, apesar da falta que eu sentia de Forks.

         O parque era realmente lindo. Tinha uma área verde com alguns bancos  encostados, não tinha muita gente por aqui, então achei que seria um ótimo lugar para descansar.

         Foi quando eu ouvi. Aquela linda melodia que eu conhecia de algum lugar invadiu meus ouvidos e foi direto ao meu coração. Era a minha canção de ninar.

         Minhas pernas ganharam vida própria, e quase inconscientemente, segui em direção a linda musica que estava cada vez mais perto de mim. Meu coração estava a mil, como se pudesse antecipar o que aconteceria a seguir.

         Me aproximei de uma arvore, e vi que tinha alguém atrás dela, mas a única coisa que via daquele ângulo, era um pesinho balançando de acordo com o ritmo da canção. Me aproximei mais, eu sentia que meu coração iria pular do peito a qualquer momento.

         Passei direto pela arvore e girei os calcanhares, olhando diretamente para a figura que estava encostada na mesma.



         Meu coração que estava acelerado perdeu uma batida, e soltei a respiração que havia percebido que prendia. As lembranças me atingiram feito uma bala no peito.



         Pude me lembrar claramente daqueles olhos negros me olhando “como se pudesse me matar”, no meu primeiro dia de aula, me lembrei da primeira noite em que dormi em seus braços:

         “- Você tem um sono profundo, não perdi nada. – seus olhos cintilavam. – o falatório veio antes disso.

         Eu gemi.

         - O que você ouviu?

         Seus olhos dourados ficaram muito suaves.

         - Você disse que me amava.

         - Você já sabia disso.

         - Mesmo assim, foi bom ouvir.

         - Eu te amo – sussurrei.

         - Agora você é a minha vida – respondeu ele, simplesmente.”

         Meus lábios se abriram num sorriso com a lembrança. Ele agora estava bem a minha frente, com o mesmo cabelo acobreado, pele clara – no mesmo tom da minha –, pequenino, devia ter a minha idade.  Mas o que mais me chamou a atenção foram os olhos. Os olhos que antes pareciam ouro derretido, agora eram como esmeraldas. Verdes novamente. Assim como Carlisle um dia descreveu para mim.

         Em suas mãozinhas tinha uma gaita azul. Percebi que era dali que vinha a minha canção de ninar. Meu sorriso que estava cada vez maior, se desfez. Me lembrei que apenas eu teria as lembranças da outra vida. Ele só se lembraria quando chegasse a hora.

         - Oi – sua voz doce me fez sair do transe. Seus olhos incrivelmente verdes estavam fixos nos meus, como se me avaliasse.

         - Oi. – Eu finalmente pude responder. Me aproximei em passos hesitantes e me sentei ao seu lado, encostada na arvore.

         - Qual o seu nome? – ele me perguntou, assim que me sentei.

         - Bella Cullen.

         - O seu nome me parece familiar. – ele respondeu quando dava aquele meio sorriso que eu adorava. – Sou Edward Swan.

         Minha boca se abriu num perfeito “o”. Como assim, Swan? Fiquei olhando para ele, tentando entender as palavras que ele disse. Eu devia ter ouvido errado. Não tinha lógica.

         - Desculpe, mas... como é o seu nome mesmo? – eu tinha que ter ouvido errado.

         - Edward Swan. – ele respondeu confuso.

         Respirei fundo. Isso não tem lógica. Resolvi deixar essa passar. Depois eu perguntaria Alice. Ela deveria saber alguma coisa.

         Meus olhos caíram na gaita que ele ainda segurava. Resolvi então mudar de assunto.

         - você toca? – perguntei apontando para o objeto em suas mãos.

         - Só sei duas musicas. – ele respondeu. – quer ouvir? – assenti com um movimento com a cabeça.

         Ele colocou novamente a gaita na boca. A minha canção de ninar invadiu o ambiente. Meus olhos já estavam úmidos e tentei a todo custo refrear o choro. Mas já era tarde. Só notei que as lagrimas escorriam, quando uma pequena mão de Edward deslizou pelo meu rosto, secando as lagrimas, sem deixar a musica parar.

         Quando a canção chegou a suas notas finais, ele olhou para mim, ainda secando as minhas lagrimas e perguntou:

         - Por que você ta chorando? – olhei nas suas orbes esmeraldas intensas e as palavras saíram antes que as pudesse conter.

         - É lindo Edward. – disse sinceramente – onde você aprendeu? – não pude refrear minha curiosidade.

         - Eu não sei. – seus olhos eram sinceros. – eu ganhei essa gaita hoje da minha mãe e me deixei levar pela musica.

         Eu sorri. Ele nunca esqueceria essa musica. Mas a curiosidade voltou com força total de novo.

         - Quem é a sua mãe, Edward?

         - Sue Swan. Ela é minha mãe adotiva. – sua voz era meio tristonha.

         Pude sentir que o meu sorriso estava cada vez maior. Meu pai e Sua já eram um pouco velhos. Depois que morri devem ter adotado Edward. Isso me deixou aliviada. Com certeza ele estava em boa família.

         - Você não se lembra de seus pais? – talvez esse fosse o motivo da sua tristeza.

         - Não sei ao certo. Charlie e Sue me adotaram quando eu ainda era um bebê. Mas me lembro de um homem loiro e uma mulher de cabelos cor de mel. Não sei se eram os meus pais.

         Minha mão, que parecia que tinha vida própria agora, foi em direção ao rostinho de Edward, fazendo um leve carinho ali. Eu tinha uma estranha vontade de querer conforta-lo.

         Eu sabia que era de Carlisle e Esme que ele falava, mas resolvi ficar calada. Ainda estava cedo para falar qualquer coisa desse tipo para ele.







5 – A MENINA DOS OLHOS DE CHOCOLATE

POV – EDWARD





         Quem era aquela garotinha tão linda que estava na minha frente? Seus olhinhos de chocolate brilhavam enquanto olhava pra mim, tinha a pele tão branquinha, que chegava a ser quase translúcida.  Seus cabelos lisos e compridos caiam em cascatas sobre os ombros e sua franja estava presa por uma pequena presilha.

         Ela era pequena. Talvez mais nova que eu. Mas era esperta e parecia mais velha.

         Ela me perguntou sobre meus pais. Era estranho, mas a única coisa que me veio a mente com a menção dessa palavra foi um homem loiro, muito bonito e do olhos dourados e uma mulher de cabelos cor de mel, com os olhos também dourados. Eram tão bonitos. Será que eles que eram meus pais?

         De uma coisa eu sabia. Eu conhecia essa garotinha de algum lugar. E sabia que ela seria importante para mim.

         Já estávamos nos olhando a um certo tempo, quando uma voz fininha apareceu.

         - Bella? – perguntou  moça.

         Ela se parecia com uma fadinha, daquelas que só se vê em livros de contos de fada, sabe? Tinha a pele pálida, cabelos curtos e espetados, apontando para tudo que é lado, tinha uma carinha infantil e olhos dourados.

         Bella se virou para a fadinha. As duas trocaram um olhar e depois Bella se levantou.

         - Alice, esse é o Edward. – Bella apontou para mim.

         Os olhos dourados da tal de Alice brilharam com algo que parecia compreensão. E depois se virou para mim com um sorriso enorme, exibindo uma fileira de dentes brancos.

         - Olá Edward. Sou Alice. – ela acenou para mim.

         - Olá. – respondi meio envergonhado.

         Então Alice se virou para Bella.

         - Bella, temos que ir.

         O meu rosto se destorceu numa careta. Eu não queria que ela fosse. Eu gostava da companhia dela. Olhei no rostinho de Bella novamente e vi que a carinha que ela fazia era igual a minha. Será que ela também não queria ir?

         - Está bem Alice. Só me dê um minuto. – ela disse, com seus olhos fixos nos meus.

         Nem percebi quando Alice se afastava. Eu só via aquela imensidão de chocolates intensos em minha direção. Bella se aproximava lentamente de mim. E eu, quase que inconscientemente, abri meus bracinhos para recebê-la. Ela quase que se pendurou em mim – eu era mais alto que ela – e enterrou seu rostinho em meu pescoço.

         Só percebi que ela chorava quando um soluço sacudiu seu corpinho que estava agarrado fortemente a mim. Eu não sabia o que faze. Por que ela estava chorando? Será que eu fiz alguma coisa errada?

         - Por que você está chorando? –perguntei quando ela levantou o rosto e me encarou. Minha mão, que já quase agia por conta própria, pegou uma mechinha dos seus cabelos e colocou atrás da sua orelha.

         - não foi nada. – sua voz ainda estava rouca pelo choro. – adorei te conhecer, Edward. – ela disse, já se virando, não me dando chance de responder.

         - eu também Bella. – eu disse para o nada. Ela já havia corrido, na mesma direção em que apareceu.



         Sentei-me novamente, encostado no tronco da arvore, fitando a gaita em minhas mãos. Minha mãe adotiva  que comprou pra mim antes de virmos para essa viagem.

         Onde foi que eu aprendi aquela musica tão linda em? a Bella parecia conhecê-la. Tudo parecia tão estranho para mim.

         Olhei em direção ao parque a minha frente e fitei as crianças que ali brincavam. Eu nunca entendi por que eu era tão diferente delas. Nunca me relacionei bem com as pessoas da mina idade. Era sempre com pessoas as pessoas mais velhas que conseguia conversar alguma coisa. O Seth, que alem de ser meu irmão, era também meu melhor amigo. Nos dois sempre nos demos bem, como se isso já viesse de outra vida a nossa amizade (N/A gente, eu sei q na época q o Edward morreu na fic ele ainda ñ tinha nem conhecido o Seth, mas eu imagino como se a amizade deles fosse realmente alguma coisa p acontecer, entenderam?) Também tinha a Sarah que era um grude comigo. Ela sim eu queria que fosse minha irmã. Nessa hora eu senti um clica na minha cabeça e me lembre de alguma coisa. A Bella, tinha os mesmos olhos de chocolate que a Sarah. Será que é daí que eu pensava que a conhecia? Por ser tão parecida com ela?

         Eu não sei. Mas as duas realmente tinham traços em comum. Coincidência? Não sei...

         Fui despertado dos meus pensamentos por uma mão grande e quente sacudindo os meus ombros, quando olhei para frente, lá estava o meu melhor amigo e irmão, Seth Clearwater.

         - Ta dormindo acordado, Edward? – Seth perguntou com um sorriso debochado.

         - É... eu acho que sim... – respondi me lembrando daquela linda garotinha de olhinhos chocolate.

         Ele deu uma risada e falou.

         - Vamos, está na hora?

         - Já? – eu queria ter outra oportunidade para encontrar com a Bella.

         - Sim. Já estamos atrasados para pegar o avião para Port Angeles.

         - Esta bem, então. – Seth saiu em direção ao carro que alugou quando chegamos aqui.

         Eu ainda olhei mais uma vez para a direção em que Bella correu. Será que um dia eu a veria novamente?

         Quem sabe um dia...











6 – E O TEMPO PASSA...







POV – BELLA





         Eu nunca mais esqueceria meu aniversário de cinco anos, pois foi nesse dia que reencontrei o meu Edward; que eu descobri qual a parte que doía da qual não me lembrava, a que me completava.  Isso pode ser estranho vindo de uma criança, mas não é. Não de mim.

         Naquela noite, quando cheguei em casa, me permiti chorar tudo que estava dentro de mim. Tudo que eu senti vivendo anos como zumbi na minha outra vida.

         Já era bem tarde daquela noite, quando eu ouvi vozes vindas do corredor. Eu estava meio fora do ar, com o cansaço e o choro e então não pude afirmar se aquilo foi real, ou apenas um sonho

         - Foi por isso que eu não queria que ninguém contasse para ela antes da hora. Eu já imaginava que isso iria acontecer. – Carlisle falava com alguém.

         - A pobrezinha está sofrendo tanto. Me dói vê-la assim – Esme disse, com carinho na voz – eu não consigo nem imaginar o que ela passou quando fomos todos embora, sem ninguém para lhe dar a certeza de que voltaríamos um dia. – a voz de Esme começava a ficar embargada.

         - Isso não vai durar para sempre mãe. Eu posso ver. Aquilo que aconteceu foi a mesmo visão que tive cinco anos atrás. Eles vão se reencontrar um dia. Eu tenho certeza. – Alice afirmou com certeza na voz.

         - Bom, isso só o tempo dirá. Não podemos fazer nada enquanto isso, a não ser tentar manter a Bella de pé.

         Depois disso, não sei se dormi, mas eu não ouvi mais nada

         Os anos foram passando. E com eles, minha saudade de Edward Cullen – eu ainda não conseguia pensar nele como um Swan –, aumentava dentro do meu peito.

         Eu tentei esquecer a conversa que ouvi naquela noite. Não podia alimentar uma esperança como essa, para depois sofrer ainda mais.

         Esses anos para mim, foram como um pesadelo. Eu praticamente revivia tudo que passei como Bella Swan, ao lado de Jacob, minha filha... sem Edward. Todas as noites eu tinha pesadelos e acordava aos gritos.

         Apesar de tudo, os Cullen não me deixaram entrar na depressão como foi da ultima vez. Estavam sempre me ajudando, me animando, enfim. Foi isso que me fez continuar viva e agüentar o que quer que estivesse por vir.

         Dez anos se passaram, e eu nunca mais vi meu Edward durante esse tempo. Foram os anos mais difíceis dessa nova vida. Alice as vezes me contava que via eu e Edward juntos, mas não podia me afirmar nem onde e nem quando seria isso. Eu sabia o que isso significava. Imagens embaçadas, distantes e... incertas.

         Apesar da saudades, eu não podia deixar de viver. Eu segui com minha vida ao lado dos Cullen, viajando, mudando de cidade em cidade, estudando em escolas diferentes, conhecendo pessoas diferentes, mas uma coisa não mudava... eu sempre me pegava pensando naquelas cabelos cor de bronze ou naquelas olhos verdes.

         Atualmente, com quinze anos, eu e os Cullen moramos na cidade de Nova York. Por ser um lugar muito ensolarado, todos nós fomos matriculados em uma escola a noite. Agora eu começava o primeiro ano com Alice comigo, e no segundo estavam Jasper e Rosalie como os irmãos Hale – como sempre – e Emmett como o irmão mais velho de Alice.

         E eu, Isabella Cullen, como a irmã mais nova de Esme, com a triste historia de que perdemos os pais quando eu era pequena e que assim que Esme e Carlisle se casaram, me adotaram e me colocaram o sobrenome da família.





         POV Edward







         Chocolates... aquelas olhos de chocolates nunca mais saíram da minha cabeça.

         Dez anos se passaram e por algum motivo desconhecido para mim, eu nunca esqueci aquela garotinha linda que conheci quando viajamos para Vancouver.

         Nunca falei sobre ela com ninguém. mas sempre sonhava com aqueles olhos de chocolate me encarando com um certo brilho. Como se já me conhecesse.

         Em uma noite em especial, quando eu tinha 13 anos, eu tive um sonho diferente – bem diferente.



         Eu estava deitado, sobre uma capina florida, de olhos fechados, apenas apreciando um toque suave de uma mão delicada que contornava meus braços, fazendo um carinho delicioso e enviando ondas elétricas por todo o meu corpo.

         Em determinado momento, eu abri meus olhos e fiquei fascinado com a figura diante de mim.

         Era uma garota de estatura mediana, com lindos cabelos cor de mogno caindo sobre os ombros, os olhos estavam fixos em minhas mãos, então não pude ver a cor. Sua pele muito branca parecia refletir um brilho desconhecido por mim. Quando seus olhos se ergueram e cruzaram nos meus, um mar de sensações tomou conta de mim.

Eram olhos castanho-chocolate, da mesma cor dos... de Bella?

         Esse pensamento foi rapidamente deixado de lado – mas não esquecido – quando no espelho de seus olhos eu vi meu reflexo.

         O brilho estranho que iluminava a sua pele vinha de mim. Minha pele brilhava sob os raios de sol e eu estava diferente. Era... indescritível.

         - Eu não assusto você? – perguntei.

         - Não mais do que de costume.

         O que isso significava?



         Nessa noite eu acordei arfante, sem entender nada daquele sonho que parecia tão real.



         Agora, com quinze anos eu tentava não pensar muito nisso.

         Eu acabava de chegar em casa. Estava morando sozinho em Nova York desde o inicio do ano, quando ganhei uma bolsa de estudos, tive que deixar La Push para poder seguir minha vida na cidade grande.

         Agora eu estudava a noite e trabalhava durante o dia em uma lanchonete. O salário não era lá essas coisas, mas era o suficiente para me manter e pagar o aluguel de uma casinha bem simples que ficava a 2 quilômetros da escola.

         Hoje, quando cheguei para mais um dia de estudos, a escola estava mais animada do que de costume.



         Será que tinha alguma coisa a ver com os alunos novos que começariam hoje?





CAP. 7 – SURPRESAS.



POV Alice



         Nestes dez anos que passaram, eu e minha família acompanhamos o sofrimento de Bella praticamente sem poder fazer nada. A única coisa que me dava confiança eram as visões distantes que eu tinha dela e de Edward no futuro.

         Naquele dia em que eles se encontraram, ela chorou muito e não quis falar com ninguém, então eu que tive que explicar a todos o que estava acontecendo.

         Mas agora,  os anos passaram... e as visões ficam mais claras a cada dia que passa.

         Hoje começaríamos numa nova escola de Nova York. Carlisle já havia saído para trabalhar e deixou toda a historia que teríamos que contar... o mesmo blá, blá de sempre...

         Mas agora eu tinha uma duvida... qual roupa eu usaria?



         Já era cinco e meia da tarde e já estávamos quase todos prontos... quase por que ainda faltava a Bella, que teimou durante a tarde toda por causa da roupa que eu escolhi para ela.

         Dez minutos depois e ela finalmente descia as escadas, tomando o maior cuidado com onde pisava... exagerada... o salto que eu insisti para ela colocar nem era tão alto assim para ela andar como se fosse uma arma morta. Não, era sim... qualquer coisa que se colocava em Bella virava sim uma arma mortal.

         Quando chegou ao final da escada, percebeu que todos nos olhávamos divertidos para ela e corou na hora. Emmett já ia fazer uma piada com Bella, mas eu já não ouvia... estava absorta numa visão.

         “Edward e Bella estavam rindo alegremente de algo, sentados em uma mesa redonda de piquenique... a visão era meio turva, como se ainda dependesse de alguma decisão para se concretizar... mas era próxima, aconteceria em breve...”





POV Bella





         Desci as escadas lentamente e tomando o mínimo de cuidado o possível. Alice havia me feito calçar um sapato que não era tão alto, mas para mim, qualquer cuidado era pouco. Por minha causa, já iríamos nos atrasar no primeiro dia de aula em Nova Yorki, mas o que eu podia fazer? Não era uma vampira e minha velocidade era ridiculamente lenta, ate mesmo para uma humana.

         Quando finalmente cheguei ao chão firme da sala de estar, notei que todos me encaravam, segurando o riso. Senti minhas bochechas queimarem e logo Emmett já foi fazendo uma piadinha.

         Já estávamos prontos para sair, quando notei que Alice estava estática no meio da sala, olhando para o nada. Jasper também notou isso no mesmo momento que eu, e foi para o lado de sua esposa.

         - Alice esta tudo bem? – ele perguntou preocupado.

         Aos poucos Alice foi se mexendo, e seus olhos caíram imediatamente em mim.

         - Viu alguma coisa, Alice? – Jasper ainda estava preocupado com a reação dela.

         - Nada com que precisemos nos preocupar. – ela falou olhando diretamente para mim.

         Emmett que estava na porta, ao lado de Rosalie, deu de ombros, não ligando muito para a visão da Alice e disse.

         - Então vamos. Não podemos nos atrasar hoje.

         Nós todos fomos na BMW de Rosalie, que nessa cidade já não chamava tanta atenção como chamava quando moravam em Forks.

         Fui a viagem inteira para a escola pensando no que Alice viu. Ela com certeza teria nos contando se fosse grave, mas eu tinha quase certeza de que tinha alguma coisa a ver comigo.



         Sai de meus devaneios quando o carro parava em frente ao prédio escolar. O local era bem simples, mas ainda assim, era grande. Me lembrava a escola em que estudava quando morei em Phoenix, com minha mãe.

         Fomos ate a secretaria e uma mulher simpática de trinta e poucos anos, estava no balcão organizando uns papeis, nos viu entrando e rapidamente se dirigiu a nós.

         - Boa noite. Sou a Sra. Stanley. Em que posso ajudá-los?

         - Sou Rosalie Hale – Rose se apresentou – e esse é o meu irmão, Jasper Hale e aqueles são Emmett, Alice e Isabella Cullen. Iremos começar aqui hoje.

         - Ah sim! Só um instante Srta. Hale. – disse a Sra. Stanley que se abaixou e pegou alguns papeis, nos chamando e entregando a mesmo papelada de sempre.

         Quando saímos, comprei meu horário com Alice – nos duas estaríamos no primeiro ano – e vi que só teríamos quase todas as aulas juntas, menos o quarto horário. Nem me preocupei em ver qual era a matéria. O sinal bateu e fomos para a nossa primeira aula: Inglês.

         As aulas corriam tranquilamente, me lembrava de quase tudo que era passado para nós e isso era entediante. Fiquei pensando como isso era para os Cullen que já viram isso não sei quantas vezes.

         Quando deu o sinal do almoço, eu e Alice saiamos tranquilamente de nossa aula de trigonometria. Já estávamos na porta do refeitório quando os olhos dela perderam o foco novamente e ficou estática. Antes que alguém notasse, a peguei pela mão e a conduzi para a mesa mais afastada que tinha lá, onde já estavam os outros nos esperando.

         Assim que nos viu, Jasper fez menção de se levantar, mas Emmett segurou o seu braço, o obrigando a nos esperar onde estava. Quando chegamos a mesa, Alice ainda estava em transe e Jasper logo pegou mão dela a sentando ao seu lado e começou a fazer carinho em seu rosto.

         Depois de alguns segundos que me pareceram horas, Alice finalmente voltava a si. Perguntamos a ela o que ela tinha visto e ela respondeu a mesma coisa: “nada com que precisemos nos preocupar”.

         Quando o almoço terminou resolvi checar meu horário, essa seria a única aula que não teria com Alice. Minhas mãos tremeram quando li o que estava escrito.

         Biologia.

         Fui para a sala com uma estranha sensação de dejá vù. As imagens voltaram a minha mente como num filme do meu primeiro dia de aula em Forks Hight School; minhas mãos suavam frio e eu tentava entender os motivos dessa reação.

         Entrei dentro da sala sem ao menos olhar para a cara dos alunos. Fui direto falar com o professor, que pediu que eu fizesse as apresentações – que eu por acaso, odiava.

         Quando me virei para a turma, esqueci como se respirava.

         Não.

         Minha mente confusa só poderia estar me pregando uma peça. Não era verdade o que eu acabava de ver.

         Ele estava lá, a poucas carteiras de distancia, olhando fixamente para mim.





         CAP. 8 – Em meio a felicidade...





        

         Senti meu coração vacilar e perder uma batida. Voltando a bater fortemente contra o meu peito e minha respiração acelerar. Achava que minha mente estava apenas pregando uma peça em mim.

         Mas não... Lá estava ele.

         Tão lindo quanto podia me lembrar. Edward estava sentando a poucas carteiras de distancia, me olhando fixamente, como se quisesse se lembrar de alguma coisa.

         Imagens do nosso ultimo encontro vieram a minha mente.



         - você toca? – perguntei apontando para o objeto em suas mãos.

         - Só sei duas musicas. – ele respondeu. – quer ouvir? – assenti com um movimento com a cabeça.

         Ele colocou novamente a gaita na boca. A minha canção de ninar invadiu o ambiente. Meus olhos já estavam úmidos e tentei a todo custo refrear o choro. Mas já era tarde. Só notei que as lagrimas escorriam, quando uma pequena mão de Edward deslizou pelo meu rosto, secando as lagrimas, sem deixar a musica parar.”



         A imagem do Edward criança seria uma coisa que eu levaria para o resto da minha vida. Ele era simplesmente a coisa mais linda que já tinha visto – perdia apenas para o meu Edward vampiro, de olhos cor de ocre.

         Um turbilhão de sentimentos me atingiam nesse momento; alguns se destacavam sobre os outros me fazendo sentir coisas que meu corpinho infantil de dez anos atrás não seria capaz de suportar: amor, saudade, fascinação e por ultimo a dor. A dor que guardei dentro de mim por tanto tempo veio a tona juntamente com as lembranças que eu tentava a todo custo manter guardadas lá no fundo, por me machucarem muito todas as vezes que as revivia em minha mente.

         Senti meus olhos marejados e uma leve tontura passar Por meu corpo. Apoiei-me rapidamente em uma mesa que estava na minha frente. A menina que estava sentada nela rapidamente se levantou e suas mãos pousaram hesitantes no ar, tentando de alguma forma me ajudar.

         - Está tudo bem? – ela sussurrou.

         - Sim – minha voz estava um pouco rouca pelo susto. Pigarreei.

         - Você está bem? – o professor se aproximou de nós.

         Eu ainda odiava esse tipo de atenção

         Cogitei dizer ao professor que eu não estava nada bem – o que de certa forma, era verdade – e ficaria essa aula tona na enfermaria, ou, com alguma sorte, seria dispensada e poderia ir embora para casa. Tudo isso para tentar ganhar tempo; não tinha certeza se teria coragem suficiente para me aproximar dele. Eu me sentia uma covarde.

         Mas ao mesmo tempo, eu sentia um grande vazio dentro de mim, e alguma coisa lá no fundo me dizia que isso acabaria quando me aproximasse dele, sentasse ao seu lado... Isso. Apenas ficar sentada e quietinha ao seu lado.

         Eu deveria ser capaz disso conseguindo reprimir a vontade de pular no seu colo.

         - Srta.? –o professor perguntou novamente. Só então notei que ele ainda aguardava minha resposta e que ainda estava em uma sala de aula com mais de quarenta pares de olhos me fitando curiosamente. Otimo. Já devem estar pensando que sou louca.

         Não que eu discordasse dessa idéia.

         - E-está tudo bem. – droga Bella. Será que não teria como mentir de maneira pior?

         Ele não pareceu se convencer, mas, assentiu brevemente com a cabeça e foi para a sua mesa. O segui – com as pernas meio tremulas e evitando olhar na direção dele – e lhe entreguei o papel para que pudesse assinar.

         - Srta. Isabella Cullen... – Ele murmurou e se virou para mim – aqui está – me entregou o papel já assinado – pode-se sentar ali. – ele indicou o único lugar vago.

         Do lado dele.



         Me aproximei – tremula – da mesa que o professor indicara a passos lentos e olhos pregados no chão. Não sabia bem o que eu temia ao olhar nos olhos dele, mas algo em mim se recusava a tal ato. Quando finalmente cheguei a carteira, me sentei sem olhar para ele, mas ainda assim, podia sentir seus olhos cravados em mim.

         O professor ainda não havia começado a aula. Ele remexia em alguns papeis em sua mesa e com isso, podia se ouvir o burburinho da turma conversando em voz baixa. E os olhos dele continuavam em cima de mim.

         Não sei bem como aconteceu. Acho que foi mais o reflexo do que tudo, mas em certo momento, meu rosto se virou na direção dele a tempo de ver seus olhos muito verdes me olhando atentamente. Sustentei seu olhar por míseros segundos, antes que suas bochechas corassem levemente e ele desviou o olhar, constrangido. Ele agora era tão... Humano.

         Uma necessidade estranha tomou conta de mim. Uma necessidade quase urgente de poder ouvir sua voz novamente, depois de tantos anos, contado apenas com minha memória fraca e embaçada. Eu precisava ouvir sua voz novamente.

         - Oi – minha voz saiu tão baixa que eu mesma quase não ouvi. Pensei em falar de novo – só que agora, um pouco mais alto –, mas ele virou a cabeça timidamente em minha direção, evitando os meus olhos.

         - Oi – sua voz saiu apenas em sussurro baixo e rouco, mas o suficiente para despertar varias emoções dentro de mim.

         - Sou Isabella Cullen – me apresentei.

         Uma ruga se formou entre suas sobrancelhas – perfeitas – e ele olhou intensamente, como se tentasse resolver um complicado problema de matemática.

         - Nós já nos conhecemos antes? – perguntou ainda sussurrando.

         Tive que morder o lábio para reprimir a vontade louca de falar tudo. Será que ele perguntou isso por que estava se lembrando de alguma coisa?

         - Do que você esta falando?

         Ele deu um sorriso torto que fez meu coração perder uma batida.

         - Edward Swan – ele estendeu sua mão, que eu aceitei sem pensar duas vezes. Uma tão conhecida corrente elétrica passou por meu corpo, me fazendo estremecer levemente. Parece que o mesmo tinha acontecido com ele, pois se soltou do aperto quase que instantaneamente. A ruga entre suas sobrancelhas se vincou mais ainda.

         - Er... – suspirou um tanto nervoso pelo acontecido – talvez você não se lembre mas... quando a gente era criança... a gente se conheceu num parque em Seattle.

         - Ah... acho que me lembro – mentira! Me lembrava de todos os detalhes! Até mesmo das roupinhas ridículas que Alice me fazia vestir. – Ah sim. Você estava tocando uma gaita, não?

         Quando ele já ia responder, o professor chamou atenção da turma.

         - Então gente, hoje começaremos a trabalhar com anatomia celular – ele começou a distribuir os materiais nas carteiras. Essa era a mesma matéria do meu primeiro dia de aula em Forks. Tinha como ter mais coincidências? Acho que não.

         A aula se passou arrastada. Não tive mais oportunidades de conversar com Edward durante a aula, então, tive que guardar bem no fundo da minha mente toda a minha vontade de ouvir sua voz novamente.

         Quando o sinal finalmente bateu, Edward começou a guardar os materiais sem pressa, como se não tivesse com muita vontade de ir para a sua próxima aula. Guardei minhas coisas, igualmente sem pressa.

         - Qual sua próxima aula? – ele perguntou quando eu já estava pendurando a mochila no ombro.

         - Hum – murmurei, enquanto pegava meu horário – Educação Física. E você?

         - Espanhol. Mas eu posso te  acompanhar até sua aula? É no mesmo caminho da minha. – o resto da frase ele falou tão baixo que se eu não estivesse tão perto dele, não teria conseguido ouvir. Quando olhei em seu rosto, percebi suas bochechas levemente coradas. Ele era bonito até mesmo assim.

         - Claro – sorri, vendo seu acanhamento – vamos.

         No caminho para o ginásio, nenhum de nós dois pronunciou nenhuma palavra sequer. Mas eu estava feliz de mais para me incomodar com isso. Eu finalmente estava ao seu lado de novo.

         Rapido de mais – para mim, pelo menos – chegamos ao ginásio, onde eu teria as aulas de Educação Física. Ficamos parados em frente a porta do vestiário feminino, sem saber bem o que falar.

         - Bem... – ele começou – está entregue. – ele deu aquele sorriso torto.

         - Obrigada. – eu não sabia muito bem o que fazer, então só fiz o que tinha vontade. Me aproximei do seu rosto, ficando na ponta do pé e depositei um suave beijo em sua bochecha rosada. Ele não esboçou nenhuma reação.

         Virei-me rapidamente, meio tremula pelo contato com sua pele em direção ao vestiário, ainda o deixando onde estava, sem ter coragem de olhar nos seus olhos.

         Já lá dentro, não tinha mais ninguém. imaginei que todas já tinha ido para aula, então me sentei num dos bancos que havia lá, para tentar colocar minha cabeça no lugar.

         Soltei um suspiro cansado, pensando em tudo que havia acontecido naquela tarde. Eu finalmente havia o reencontrado. Mas o que eu deveria fazer agora?

         - Bella?

         Alice estava agachada na minha frente, me fitando com preocupação.

         - Oi Alice.

         - Bella, por que você não está lá fora?

         - Eu o vi Alice. Ele estuda aqui. Tem uma aula comigo!

         Um sorriso largo tomou conta de sua face.

         - Eu já sabia disso.

         - O que exatamente?

         - Sabia que Edward estaria aqui. Tive uma visão a algum tempo.

         Meu queixo caiu.

         - E não me contou nada?

         - Carlisle me fez prometer que não falaria nada.

         Revirei meus olhos.

         - Ta tudo bem. O problema é que agora eu não sei como agir. O devo fazer a respeito.

         - Olha, o que você acha de irmos para casa agora?

         - Mas Alice, eu ainda tenho aula. Alias, eu já deveria estar lá.

         - Pode deixar isso comigo. Tenho um assunto mais importante para conversar com você agora,

         - E o que seria?

         - Vamos para o carro que eu te explico.

         Eu segui ela em direção ao estacionamento em total silencio. O que seria de tão importante que ela queria conversar comigo. Já dentro do carro, me virei para ela.

         - Tudo bem. Pode começar a falar.

         Ela soltou um suspiro e começou.

         - Bella, antes eu quero que você saiba que não podíamos fazer nada. Se isso tinha que acontecer, nada que faríamos revolveria muita coisa.

         - Alice, você esta começando a me preocupar. É tão sério assim?

         - Sim Bella. E eu estou com medo da sua reação. Não consigo prevê-la ainda.

         - Então fala logo.

         - Bella... o Charlie morreu.

         Eu nunca saberia explicar o sentimento que tomou conta de mim naquele momento. Agora que eu começava a acreditar que seria feliz, apenas por ter a chance de ver Edward todos os dias, acontece isso.

         Apesar de anos sem ver meu pai... eu ainda o amava. Muito.

Continua....